sexta-feira, 14 de novembro de 2008

prefiro tinto seco

ela estava cansada como em todos os fins de tarde de sexta-feira.
o dia não havia sido tão duro a ponto de deixá-la exausta, mas era sempre a mesma coisa: até que horas estaria sozinha? o que o final de semana reservava pra ela? quem encontraria ou quem nem teria notícia?
caminhou até sua casa mais devagar que o normal, queria apenas retardar a sua chegada.
mas como não poderia deixar de ser, chegou.
abriu a porta do apartamento e sentiu aquele cheiro de casa limpa.
lugar cuidadosamente arrumado, organizado.
depois de alguns minutos esparramada na cama, finalmente conseguiu reunir forças e se levantou convicta de que passaria a noite de sexta feira sozinha e nem por isso seria menos divertido.
abriu a geladeira e ainda restava mais de meia garrafa de vinho tinto, da noite anterior.
resolveu que faria uma bela macarronada, com o molho carregado no alho, passaria um tempo na internet e finalmente terminaria de ler o livro que há dias não folheava.
e assim o fez depois de uma boa e demorada chuveirada.
e no meio do seu processo solitário recebeu uma visita.
e entre um apartamento e outro terminou a noite abrindo outra garrafa de vinho, entre queridos e uma pilha de vinis, de chico a cartola, riram, conversaram e se bastaram.
adormeceu tranquila. havia se despedido com a mesma sensação de todos os outros encontros: alguma coisa havia se perdido na história, havia ficado para trás.
e o livro ficou para o dia seguinte.