ela estava sem sono. talvez cansada, mas não com sono.
já havia desligado o computador e queria apenas tentar dormir.
amanhã era o início de mais uma semana, queria estar inteira, pronta.
mas não conseguiu... precisava de alguma forma pensar, refletir, agradecer pelos últimos acontecimentos.
sentia-se estranhamente bem, embora fragilizada.
sentiu dores fortes pela manhã, chorou, amedrontou-se, sentiu mais medo que o normal, se entregou aquilo tudo, farta, exausta de ficar resistindo. e pensou: de novo. quantas vezes ainda terei que me submeter a exames, a incertezas quanto ao meu próprio corpo? quanto tempo ainda vou ficar achando que a máquina que existe dentro de mim está entrando em pane? a pane existe realmente ou só dentro da minha cabeça?
e de tanto pensar chorou novamente. foi quando o telefone tocou.
um convite para um almoço numa quase tarde estranha no cerrado. clima cinza.
e foi. sair de casa , mesmo que por pouco tempo, significaria respirar.
respirou um monte, conversou mais um tanto e voltou pra casa quieta. uma quietude intensa, reconfortante, e cochilou o cochilo dos deuses.
depois foi ao mercado, riu um bocado, passeou entre as gôndolas, comeu pão com salame e muito chocolate na companhia de um vizinho e amigo querido.
e agora era a hora do sono. do reconforto final.
e pensou o quanto era abençoada.
o quanto gostava da sua vida, das suas conquistas, dos seus amigos, dos desconhecidos, das perspectivas, do futuro, do passado, do presente, das ruas que havia passado... do conforto que podia dar a si mesma. e mais uma vez ficou sem entender como era capaz se sentir daquela forma, aquela ambiguidade ambulante... agradecida ao universo e insatisfeita com a vida. como poderia ser diferente? como transcender aquilo tudo? precisava deixar de ser ingrata...
e foi assistir um DVD que era mais fácil.
domingo, 23 de novembro de 2008
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4 comentários:
Adorei este texto, que tem um quê existencialista-sartreano irrefreável. Adorei!
Beijos minha linda, muitos, muitos mesmo, do João
Metamorfose ambulante não era novidade nem quando o barbudo (muito bem) descreveu..., não se preocupe demais em descobrir os porques, e sim em descobrir os "comos", isso por vezes consegue mudar as consequencias.
Taubrós!?
joão, obrigada! fico até sme graça... rsrs. estou com saudades de ler vc hein. atualiza o teu lá.
taubrós, eu ainda não consigo entender muito bem a diferença entre o "pq" e o "como", mas podexá que eu chego lá. bom é receber suas visitas por aqui e com comentário e tudo, veja que privilégio!
Saber identificar os sinais de determinados eventos, e assim poder tomar as devidas providências, por vezes é mais importante (ou no mínimo: mais efetivo) do que saber as exatas causas, geralmente em casos onde as causas são complexas por si só, e os efeitos sempre afetam, independente de entender as causas... (hehe..., vai complicando à medida que vou tentando explicar).
Foi o que quis dizer, porém se não consegui explicar... deixa quieto.
Relaxa e manda ver que tá beleza.
Taubrós!?
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