segunda-feira, 14 de setembro de 2009

metamorfose através da arte



Alberto de Azevedo Pinheiro, 49 anos, artista plástico, coordenador da Casa Dia – Casa Diarts de Botucatu, dependente químico, teve seus trabalhos, muito interessantes, diga-se de passagem, no MAC Itajahy Martins na primeira quinzena de setembro.

O trabalho de Alberto já me chamou a atenção mesmo antes de visitar a exposição, simplesmente pelo fato de saber da sua matéria prima. Ele dá vida a objetos de ferro velho que estariam totalmente inutilizados. Tratando-se de um planeta muito necessitado de trabalhos como esse o mérito já estaria garantido, porém, fui até lá ouvir sua história e me surpreendi ainda mais.

Alberto é coordenador da Casa Dia de Botucatu, casa de apoio a dependentes químicos e está em Botucatu há sete anos. “Estamos engatinhando num processo de transformar a Casa Dia numa casa auto-sustentável, precisamos de apoio da população, precisamos de doação de tempo mais até do que a doação de bens materiais, mas isso é muito difícil de conseguir pela falta de conhecimento das pessoas e preconceito também”, explica. Alberto veio da Casa Dia de Americana e desde então trabalha para que os atendidos aqui em Botucatu descubram o que ele próprio descobriu. “Lá eu percebi que a arte trabalha terapeuticamente os meus conflitos e os conflitos de outras pessoas. Aqui dou oficina, a capacitação através da arte”, conta.

A Casa Dia atende 20% dos internos gratuitamente, os demais pagam apenas a estadia, o custo que a casa tem com aquela pessoa em relação à alimentação e moradia, o tratamento não é cobrado de ninguém, e por isso a carência é justamente no campo de oficinas, de passar o tempo com os internos dando-lhes mais motivos para mudança de hábitos e vida. Oficinas de bambu, argila, culinária, são algumas que acontecem, mas é preciso mais participação da população.
O material utilizado por Alberto em suas esculturas é sucata que na maioria das vezes estava indo pro aterro da cidade e poluindo o lençol freático, e o mais interessante é que a própria estrutura da Casa Dia já tem essa característica. “A Casa foi construída com material de demolição, com o excesso do lixo da sociedade que não foi aproveitado. Isso nos preocupa também, existe uma preocupação em relação à facilidade com que as pessoas jogam as coisas no lixo justamente pela facilidade de compra. Utilizamos material de demolição, restos das caçambas públicas. Não é necessário gastar dinheiro com coisas novas, elas podem ser reaproveitadas, transformadas, trazendo uma economia pública e ambiental sem precedentes e principalmente um benefício social quando trabalhamos com esse material em oficinas”, explica.

O acervo que estava exposto no MAC foi criado especialmente para a exposição Metamorfose, todas as peças estão a venda e o artista aceita encomenda de novas peças. Alberto termina nossa conversa fazendo um convite aos artistas da cidade: “Temos diversos ateliês na Casa Dia, tais como, marcenaria, pintura, corte de cabelo, computação. Temos espaço de ensaios para grupos de teatro e dança, por exemplo. É uma forma de os artistas da cidade conhecerem o nosso trabalho, e ao mesmo tempo darem oportunidade aos dependentes químicos de participarem de oficinas, um modo de conhecer e trazer à tona novas aptidões”, encerra.




2 comentários:

Dedinhos Nervosos disse...

Os trabalhos são lindos, mas a iniciativa desse cara é ainda mais perfeita. Pena que a maioria da população nem sequer toma conhecimento de um trabalho que pode ajudar muita gente a mudar de vida.
Beijos.

Anônimo disse...

O ALBERTO VE SE FAZ O CAVERNA TOMA BANHU MEU....